Resumo:Mesmo com a correção pontual após o rali que levou o metal a US$ 4.379 na última semana, analistas afirmam que o viés altista permanece firme, sustentado pela demanda de bancos centrais e o aumento da aversão ao risco global.

Publicado em 20/10/2025
O preço do ouro iniciou esta segunda-feira (20) em leve queda, mas segue consolidado acima de US$ 4.240 por onça troy, após semanas de forte valorização impulsionada por tensões geopolíticas, incertezas econômicas e a mudança de postura do Federal Reserve. No mercado brasileiro, a cotação acompanha o movimento internacional, sendo negociada próxima a R$ 740,92 por grama, refletindo também a desvalorização do real frente ao dólar.
Mesmo com a correção pontual após o rali que levou o metal a US$ 4.379 na última semana, analistas afirmam que o viés altista permanece firme, sustentado pela demanda de bancos centrais e o aumento da aversão ao risco global.
Ouro Em Dólar: Correção Técnica Após Rally Recorde
O XAU/USD recuou levemente para US$ 4.245 na sessão asiática, após atingir picos históricos na semana anterior. A leve pressão vendedora reflete realização de lucros e a redução da demanda física após o período festivo na Índia — um dos maiores mercados consumidores de ouro do mundo.
Segundo Lallalit Srijandorn, analista da FXStreet, o metal “opera em território negativo, mas ainda dentro de uma tendência sólida, com os fundamentos já precificados e a demanda física em leve retração após o feriado”.
Ainda assim, o ouro se mantém sustentado por fatores macroeconômicos robustos, como a instabilidade das cadeias de suprimentos, a queda dos rendimentos dos Treasuries e as expectativas de novos cortes de juros pelo Fed.
A volatilidade também foi amplificada pelas recentes declarações do ex-presidente Donald Trump, que anunciou uma tarifa de 100% sobre importações chinesas a partir de novembro. O anúncio provocou venda massiva de ações e criptomoedas, redirecionando o capital para ativos de proteção, com destaque para o ouro.
Perspectiva Técnica: Consolidação Antes de Nova Alta
O gráfico semanal do ouro mostra uma estrutura de alta bem definida, com o suporte imediato em US$ 4.200 e resistência em US$ 4.300. O índice de força relativa (RSI) permanece acima de 60, sugerindo que o impulso comprador ainda domina o mercado.
Analistas da JM Financial Services acreditam que a commodity pode entrar em uma fase de consolidação de curto prazo, antes de retomar o movimento ascendente.
“Os preços do ouro devem passar por uma leve correção e consolidação, já que os fundamentos de alta já foram precificados, mas o viés permanece positivo”, afirmou Pranav Mer, vice-presidente de câmbio e commodities da instituição.
Se a pressão compradora retornar, o próximo alvo técnico está em US$ 4.350, e, no cenário otimista projetado por casas como CFRA Research, o ouro poderia testar US$ 5.000 ainda em 2025, impulsionado pelo aumento da compra de reservas pelos bancos centrais.
Ouro Em Reais: Valorização Recorde Impulsiona Investidores Locais
No mercado doméstico, o ouro segue cotado a cerca de R$ 740,92 por grama, acumulando alta superior a 25% em 2025. Essa valorização é resultado direto da força do dólar e da política monetária expansionista do Fed, que tende a reduzir o valor da moeda americana frente aos ativos reais.
O investidor brasileiro, portanto, tem visto o ouro como uma proteção dupla — contra a inflação global e a volatilidade cambial interna.
Com a taxa Selic em trajetória de corte e o IPCA acima da meta, o ouro voltou a ganhar protagonismo nas carteiras de proteção. Casas de análise nacionais indicam que o metal “conserva forte apelo defensivo” e deve continuar performando bem caso a tensão entre EUA e China se intensifique.
Fatores Globais: Entre o Fed, a Geopolítica e o Medo da História
O cenário global que sustenta o ouro lembra períodos de incerteza do século passado. Um editorial publicado nesta segunda-feira descreve o momento atual como “um reflexo perturbador das tensões pré-Primeira Guerra Mundial”, destacando a corrida armamentista tecnológica, a fragmentação de alianças internacionais e o endividamento crescente dos governos.
A comparação não é apenas retórica:
- Juros globais em alta e dívidas soberanas recordes estão pressionando as moedas fiduciárias;
- Inteligência artificial e drones militares estão substituindo o carvão e o ferro como instrumentos estratégicos de poder;
- Reservas de metais raros e recursos críticos (como lítio e cobalto) tornaram-se novas armas de dissuasão econômica.
Essa combinação gera instabilidade estrutural, e, historicamente, o ouro sempre se fortalece em momentos de desconfiança institucional. O aumento nas compras do metal por China, Índia e Arábia Saudita confirma essa tendência.
Segundo o relatório mais recente, os bancos centrais agora detêm mais ouro do que títulos do Tesouro americano, algo inédito desde 1996.
Bancos Centrais e a Nova Estratégia de Reservas
A acumulação de ouro por bancos centrais é um dos principais motores da atual tendência de alta. A mudança representa uma reconfiguração das reservas globais, reduzindo a dependência do dólar e buscando estabilidade em ativos tangíveis.
A China, por exemplo, elevou sua participação em ouro para 8,5% das reservas totais, mas ainda está longe da média global de 20%, indicando amplo espaço para novas compras. O Oriente Médio e a Ásia seguem o mesmo caminho, reforçando a visão de que o metal continuará sendo pilar de segurança internacional nos próximos anos.
Além disso, a persistência das tensões comerciais entre Washington e Pequim e a ameaça de interrupções nas cadeias de suprimento de elementos raros aumentam o apetite pelo metal como forma de reserva de valor e poder geopolítico.
Ações, Criptomoedas e o Efeito Tarifa
A volatilidade recente nos mercados de ações e criptomoedas reforça o papel do ouro como porto seguro. Após o anúncio das tarifas de 100% sobre importações chinesas, o mercado de criptoativos caiu cerca de 12% em 24 horas, e os principais índices acionários dos EUA registraram quedas superiores a 3%.
Enquanto isso, o ouro recuperou rapidamente o nível de US$ 4.000, provando que continua sendo o ativo mais resiliente em momentos de crise.
O episódio também revelou o padrão típico de reação dos investidores:
- Pânico inicial e liquidação em ativos de risco;
- Migração para ouro e títulos soberanos de países estáveis;
- Retorno gradual à renda variável apenas após estabilização política.
Esse comportamento cíclico fortalece a tese de que o ouro não é apenas um hedge inflacionário, mas um termômetro emocional do mercado global.
Perspectivas Para o Final de 2025
Embora alguns analistas apontem para uma possível correção de curto prazo, o consenso de mercado é que o ouro continuará em trajetória de alta até o fim do ano. A combinação de política monetária expansionista, tensões geopolíticas e demanda institucional cria o ambiente ideal para uma valorização sustentada.
As projeções mais otimistas colocam o preço do ouro entre US$ 4.800 e US$ 5.000 por onça até dezembro, especialmente se:
- O Fed confirmar novos cortes de juros;
- A China mantiver forte demanda física;
- E os bancos centrais continuarem comprando em ritmo acelerado.
No Brasil, a tendência segue o mesmo sentido: com a valorização do dólar e a pressão inflacionária, o ouro pode superar R$ 760 por grama antes do final do ano.
Conclusão: Ouro Continua a Ser o Termômetro da Incerteza Global
O movimento do ouro em 2025 reflete muito mais do que especulação — é um espelho do medo coletivo diante de um cenário global fragmentado, polarizado e volátil.
O metal segue sendo o ativo de refúgio por excelência, preservando valor diante de crises políticas, tensões comerciais e políticas monetárias imprevisíveis. O momento atual é de cautela, mas também de oportunidade, especialmente para quem busca proteção de patrimônio e diversificação cambial.
Com a possibilidade real de o ouro alcançar US$ 5.000 por onça e o grama ultrapassar R$ 750 no mercado interno, a recomendação dos analistas é clara: mantenha o metal no radar — seja como proteção, reserva ou estratégia de longo prazo.
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