Resumo:Após quatro sessões consecutivas de queda, o dólar americano iniciou esta terça-feira (21) em alta frente ao real, acompanhando o movimento global de valorização da moeda. Às 9h32, o dólar à vista subia 0,31%, cotado a R$ 5,3873, enquanto o contrato futuro de primeiro vencimento avançava 0,23%, a R$ 5,4025, na B3.

Publicado em 21/10/2025
Após quatro sessões consecutivas de queda, o dólar americano iniciou esta terça-feira (21) em alta frente ao real, acompanhando o movimento global de valorização da moeda. Às 9h32, o dólar à vista subia 0,31%, cotado a R$ 5,3873, enquanto o contrato futuro de primeiro vencimento avançava 0,23%, a R$ 5,4025, na B3.
O avanço reflete uma combinação de fatores: a recomposição de posições compradas, o cenário político internacional incerto e a expectativa de novas medidas fiscais no Brasil, após o arquivamento da Medida Provisória 1303, que previa taxações sobre aplicações financeiras.
Com o índice do dólar (DXY) operando em alta de 0,35%, a moeda americana também se fortaleceu frente ao euro, à libra esterlina, ao iene japonês e a moedas emergentes como a lira turca, o rand sul-africano e o peso chileno.
Dólar Frente ao Real: Reação Técnica e Fatores Internos
A leve recuperação do dólar frente ao real ocorre após uma sequência de quedas, que levaram a cotação para abaixo dos R$ 5,40. Investidores aproveitaram o movimento para ajustar portfólios e recompor posições cambiais.
O Banco Central anunciou para hoje leilão de 40.000 contratos de swap cambial, visando rolagem do vencimento de 3 de novembro — operação que tende a conter movimentos bruscos da taxa de câmbio.
No entanto, o ambiente interno segue delicado. O governo ainda busca alternativas para o ajuste orçamentário, e o mercado monitora de perto as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a meta fiscal. O impasse entre ajuste fiscal e estímulos econômicos aumenta a percepção de risco, o que costuma sustentar a demanda pelo dólar.
O dólar comercial havia encerrado a segunda-feira (20) com baixa de 0,62%, cotado a R$ 5,3748, em meio ao otimismo com o comércio entre EUA e China e aos dados positivos do mercado asiático.
Câmbio Global: Valorização do Dólar e Desvalorização do Iene
No cenário internacional, o dólar apresenta forte desempenho frente às principais moedas globais. O índice DXY subia 0,37%, a 98,715 pontos, recuperando parte das perdas recentes após o alívio das preocupações com o setor bancário norte-americano e a melhora no sentimento de crédito.
O dólar/iene (USD/JPY) disparava 0,69%, para ¥151,14, após a eleição da conservadora Sanae Takaichi como primeira-ministra do Japão. Considerada uma linha-dura e aliada do ex-premiê Shinzo Abe, Takaichi deve adotar políticas fiscais expansionistas, ampliando gastos públicos e mantendo juros baixos pelo Banco do Japão, o que pressiona o iene.
O movimento de desvalorização do iene reforça a busca global por moedas de maior rendimento, como o dólar americano, diante do diferencial de juros crescente entre os Estados Unidos e o Japão.
Euro e Libra Recuam em Meio a Dados Mistos
O euro e a libra esterlina operam em queda nesta terça-feira, refletindo preocupações fiscais e políticas na Europa. O EUR/USD recuava 0,2%, para 1,1622, enquanto o GBP/USD caía 0,2%, para 1,3383, após dados mostrarem maior volume de empréstimos governamentais no Reino Unido no primeiro semestre do ano fiscal — £99,8 bilhões, alta de 13% em relação a 2024.
O aumento do déficit britânico reacende o debate sobre ajustes fiscais e elevação de impostos, com a ministra das Finanças Rachel Reeves devendo apresentar um novo orçamento em novembro. Essa expectativa pesa sobre a libra, que vem se mostrando vulnerável frente à força do dólar.
No caso do euro, analistas destacam que a moeda comum permanece dependente do sentimento global de risco, reagindo aos movimentos das bolsas e dos rendimentos dos Treasuries norte-americanos.
Commodities e Moedas Emergentes Sob Pressão
O dólar também se fortalece frente a moedas emergentes e ligadas a commodities, como o dólar australiano (AUD), o peso mexicano (MXN) e o rand sul-africano (ZAR).
O AUD/USD recuava 0,4%, a 0,6489, mesmo após a assinatura de um acordo estratégico de minerais críticos entre Canberra e Washington, o que mostra que o otimismo comercial ainda não é suficiente para neutralizar o fluxo de compra de dólares.
Na América Latina, o peso chileno e o peso mexicano também registram perdas, impactados pela queda do cobre e pela fuga de capitais para ativos de menor risco.
Já o iuane chinês (USD/CNY) mostrava estabilidade, em 7,1178, após fixações diárias mais firmes do Banco Popular da China, sinalizando tentativa de controle de volatilidade enquanto prosseguem as conversas diplomáticas entre Pequim e Washington.
Influência da Política Fiscal e do Cenário Doméstico
O real brasileiro continua sensível às questões fiscais internas. O mercado acompanha a evolução da meta de déficit primário e o impacto de possíveis mudanças tributárias sobre o ambiente de negócios.
Além disso, o Banco Central segue vigilante quanto ao comportamento do câmbio, pois oscilações fortes podem afetar o controle da inflação — que ainda se mantém acima da meta.
De acordo com o ministro da Fazenda, o governo pretende manter o compromisso de trazer a inflação para 3%, mas sem comprometer o crescimento econômico, o que impõe desafios à política monetária e limita a margem de manobra para cortes agressivos na taxa Selic.
Dólar e o Cenário de Juros: Expectativas de Curto Prazo
Com a taxa básica de juros nos EUA próxima de 4,75%, e a possibilidade de novos cortes graduais pelo Federal Reserve, o mercado avalia o impacto sobre os fluxos internacionais de capital.
Se os cortes ocorrerem em ritmo mais acelerado, a tendência é de alívio no dólar frente a moedas emergentes. Entretanto, qualquer sinal de persistência inflacionária ou deterioração fiscal nos EUA pode reacender o movimento de valorização da moeda americana.
Por ora, o consenso de mercado é de volatilidade moderada, com o dólar se mantendo entre R$ 5,35 e R$ 5,45 no curto prazo.
Perspectiva Técnica: Dólar em Fase de Consolidação
Do ponto de vista técnico, o gráfico do USD/BRL mostra formação de suporte em R$ 5,36 e resistência em R$ 5,42. O rompimento dessa faixa pode indicar nova tendência direcional.
O RSI (Índice de Força Relativa) opera em zona neutra, próximo de 52 pontos, sugerindo equilíbrio entre compradores e vendedores. Entretanto, a inclinação das médias móveis de 20 e 50 períodos ainda aponta viés de alta, reforçando o potencial de valorização da moeda americana até o final da semana.
Cenário Internacional: Acordo EUA–China no Horizonte
Nos bastidores da política internacional, cresce o otimismo em torno de um possível acordo comercial entre os Estados Unidos e a China, a ser discutido durante uma conferência na Coreia do Sul.
Embora ainda não haja avanços concretos, as declarações recentes de Donald Trump e Xi Jinping sugerem disposição para diálogo, o que reduziu temporariamente o medo de uma reedição da guerra tarifária.
O conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que o governo americano espera encerrar a paralisação de 20 dias e avançar em novas negociações. O mercado reagiu positivamente, impulsionando o dólar frente às principais moedas globais.
Conclusão: Semana de Cautela e Consolidação
A cotação do dólar nesta terça-feira (21) reflete uma fase de ajuste e cautela. A moeda se fortalece globalmente diante do cenário de juros altos, das tensões geopolíticas e da incerteza fiscal no Brasil.
Enquanto o real é pressionado por fatores internos, o movimento internacional de recomposição cambial reforça a atratividade do dólar como ativo de segurança em tempos de instabilidade.
Para os próximos dias, analistas esperam oscilações contidas, com o dólar oscilando entre R$ 5,35 e R$ 5,45, mas alertam que qualquer surpresa na política fiscal brasileira ou nas negociações EUA–China pode provocar fortes variações no câmbio.
O investidor deve, portanto, acompanhar os leilões do Banco Central, os discursos do Fed e do BCE, e os desdobramentos do cenário político em Brasília — fatores que continuarão definindo o comportamento do dólar frente ao real e às demais moedas nos próximos dias.
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