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Os Pares de Moeda que Dominaram o Forex em 2025
Resumo:O mercado cambial é o coração pulsante das finanças globais, um ecossistema vasto e complexo onde trilhões mudam de mãos diariamente. De acordo com a mais recente pesquisa trienal do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o volume diário de negociações de câmbio atingiu a marca histórica de US$ 9,6 trilhões em 2025.

Publicado em 11/12/2025
O mercado cambial é o coração pulsante das finanças globais, um ecossistema vasto e complexo onde trilhões mudam de mãos diariamente. De acordo com a mais recente pesquisa trienal do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o volume diário de negociações de câmbio atingiu a marca histórica de US$ 9,6 trilhões em 2025. Um dado, porém, sintetiza a hierarquia deste universo: o dólar americano (USD) está presente em um dos lados de 89% de todas essas transações. Esta preponderância absoluta do dólar não é apenas uma estatística; é o mapa que guia qualquer análise séria sobre liquidez, risco e oportunidade no Forex. Neste artigo, mergulhamos nos dez pares de moedas que, segundo os dados do BIS e análises de mercado, formam a espinha dorsal deste mercado colossal, explorando as dinâmicas econômicas, geopolíticas e técnicas que os movem. A compreensão destes “pares de poder” é fundamental para instituições financeiras, corporações multinacionais e traders que buscam navegar com eficácia nas águas, muitas vezes turbulentas, do câmbio global.
O Rei Indiscutível: USD/EUR (Dólar Americano/Euro)
No topo do panteão cambial, com uma participação de mercado de 21.2% e um volume diário aproximado de US$ 2,03 trilhões, encontra-se o par USD/EUR. Este não é apenas o par mais negociado; é a âncora sobre a qual grande parte do sistema financeiro global se equilibra. No entanto, em 2025, esta âncora enfrenta tensões significativas. A economia da zona do euro mostra sinais de estagnação, enquanto os Estados Unidos continuam avançando com base em um momentum econômico mais robusto. Setores como o manufatureiro na Europa lutam contra o custo elevado da energia e a intensa concorrência industrial chinesa.
Do lado monetário, o cenário de política é marcante. O Banco Central Europeu (BCB) tem conduzido um ciclo agressivo de afrouxamento, cortando suas taxas de juros em 200 pontos base desde meados de 2023, incluindo um corte de 75 pontos base apenas em 2025. Com a taxa de refinanciamento principal do BCB em 2%, o contraste com o Federal Reserve (Fed) dos EUA é gritante. O Fed mantém sua taxa de fundos federais na faixa de 3.50% a 3.75%, sustentada por uma inflação mais teimosa e uma economia resiliente. Este diferencial de juros, um dos mais amplos em anos, exerce uma pressão constante de baixa sobre o euro. Modelos de previsão de vários analistas sugerem que o EUR/USD poderá testar a paridade (1.00) caso este spread se alargue ainda mais. A liquidez profunda e os spreads apertados do par continuam a atrair participantes, mas a direção fundamental é ditada por este descompasso macroeconômico transatlântico.
O Gigante Assimétrico: USD/JPY (Dólar Americano/Iene Japonês)
O segundo lugar no ranking, com 14.3% de participação e US$ 1,37 trilhão negociados por dia, pertence ao USD/JPY. Este par personifica uma das dinâmicas mais poderosas e potencialmente voláteis do mercado: o carry trade. A economia japonesa continua enfrentando desafios de baixo crescimento e inflação estruturalmente fraca. Mesmo após os modestos aumentos de juros pelo Banco do Japão (BoJ), as taxas de juros reais permanecem efetivamente negativas, mantendo o iene como uma moeda de financiamento barata.
Enquanto isso, o dólar americano, lastreado por juros mais altos, atrai capital. Esta combinação cria o ambiente perfeito para operações de carry trade, onde investidores se endividam em iene a custo baixíssimo para adquirir ativos com maior rendimento em dólares ou outras moedas, auferindo a diferença. O volume de negociação do USD/JPY cresceu impressionantes 35% desde 2022, um sinal claro de que grandes players institucionais estão ampliando suas exposições a esta assimetria. Esta dinâmica, porém, carrega um risco inerente: quando se reverte, a reversão tende a ser violenta. O iene, historicamente, é uma moeda de safe-haven, e uma súbita aversão ao risco global ou uma mudança mais agressiva na política do BoJ pode desencadear movimentos bruscos de apreciação da moeda japonesa, provocando squeezes massivos nas posições de carry trade.
O Barômetro Geopolítico: USD/CNY (Dólar Americano/Yuan Chinês)
Talvez o par com a narrativa mais complexa e de crescimento mais explosivo seja o USD/CNY. Representando aproximadamente 8% do mercado global, com um volume diário de US$ 781 bilhões, este par viu seu volume expandir 59% desde 2022. Este crescimento vertiginoso reflete uma tensão fundamental: a economia chinesa ainda necessita de dólares para o comércio e financiamento internacional, enquanto o governo de Pequim avança em sua agenda estratégica de reduzir a dependência do sistema financeiro centrado no dólar.
O yuan negociado no mercado doméstico (CNY) opera neste meio-termo, com controles de capital seletivos. O que torna este par fascinante vai além da mecânica de negociação; é o seu subtexto geopolítico. O par funciona como um termômetro em tempo real do processo de decoupling (desacoplamento) econômico entre EUA e China. Dados indicam que a negociação de swaps cambiais envolvendo o yuan disparou 164% no período, um forte indício de que grandes instituições estão se reposicionando estruturalmente, buscando hedge e acesso a liquidez em yuan fora do circuito tradicional do dólar. Portanto, observar o fluxo e a volatilidade do USD/CNY é essencial para entender se a rivalidade entre as duas maiores economias do mundo está se refletindo concretamente nos fluxos de capital ou permanece majoritariamente no âmbito da retórica política.
A Tradição Volátil: USD/GBP (Dólar Americano/Libra Esterlina)
Conhecido carinhosamente no mercado como “The Cable”, em referência ao cabo telegráfico transatlântico que outrora transmitia suas cotações, o par USD/GBP ocupa a quarta posição, com 7.6% de share e US$ 730 bilhões em giro diário. A atração por este par reside em sua volatilidade e caráter técnico. A economia britânica oscila frequentemente entre o medo da recessão e surpresas de resiliência, enquanto o Banco da Inglaterra (BoE) mantém uma postura relativamente mais hawkish (agressiva contra a inflação) do que seus pares europeus.
Esta combinação gera movimentos expressivos, atraindo traders que buscam oportunidades de swing trading e operações de carry trade. O par exibe correlações interessantes: negativa com o USD/CHF e positiva com o EUR/USD, o que o torna uma ferramenta valiosa para estratégias de hedging mais sofisticadas. Embora fundamentalmente importante, suas oscilações são frequentemente mais impulsionadas por fluxos técnicos e sentimento de risco do que pelos três principais pares. A liquidez permanece massiva e os spreads, excepcionalmente apertados, consolidando seu papel como um cavalo de batalha para uma ampla gama de participantes do mercado.
O Refém Político: USD/CAD (Dólar Americano/Dólar Canadense)
O quinto par da lista, USD/CAD, ganhou uma relevância aguda e particular em 2025, transcendendo em grande parte os fundamentos tradicionais (como preços de commodities) para se tornar um referendo vivo sobre política comercial. Com 5.3% de participação e US$ 510 bilhões em volume diário, seu destino está intimamente atado à relação entre Washington e Ottawa. Ameaças do governo norte-americano de impor tarifas de 25% sobre exportações canadenses lançaram uma sombra sobre a economia do Canadá, para a qual os EUA são destino de mais de 80% de suas exportações de bens.
Estimativas de analistas sugerem que a imposição de tarifas de 10% poderia levar a uma depreciação de 4% a 5% no dólar canadense, popularmente conhecido como “loonie”. Cenários mais severos, com tarifas totais sendo implementadas, projetam uma possível valorização do USD/CAD para a faixa de 1.52 a 1.55. Desta forma, o par transformou-se menos em um indicador de preços de petróleo e mais em um barômetro de risco geopolítico bilateral. O loonie tornou-se, em essência, um refém das negociações comerciais, e sua cotação flutua com cada declaração vinda da Casa Branca ou do Congresso norte-americano.
Os Pares Estratégicos: AUD, CHF, HKD, SGD e INR
Abaixo dos cinco maiores, encontramos um grupo de pares que, embora menores em volume, desempenham papéis críticos em regiões e estratégias específicas.
O USD/AUD (4.9%, ~US$ 470 bi/dia) mantém sua forte ligação com o ciclo de commodities, especialmente o minério de ferro, sendo um proxy sensível para a demanda chinesa. Cortes de juros pelo Reserve Bank of Australia (RBA) em 2025 amplificaram a volatilidade do par.
O USD/CHF (4.9%, ~US$ 470 bi/dia) é tradicionalmente o par do safe-haven. Em tempos de crise, espera-se que os investidores fujam para o franco suíço. No entanto, em 2025, ele tem se mostrado notavelmente contido, negociando em uma faixa estreita próxima a 0.80. Esta aparente calma é, na verdade, uma batalha silenciosa: o Banco Nacional Suíço (SNB) intervém ativamente para evitar uma apreciação excessiva do franco e proteger seus exportadores, enquanto o Fed prefere um dólar forte. A ausência de movimentos bruscos neste par pode ser um sinal de complacência do mercado, indicando uma subestimação dos riscos globais.
O USD/HKD (3.6%, ~US$ 345 bi/dia) registrou um dos crescimentos mais acentuados, com sua participação saltando 95% desde 2022. Este aumento vertiginoso reflete a demanda por hedge relacionada ao comércio no Norte da Ásia, fluxos financeiros ligados à China e estratégias sofisticadas de gerenciamento de moeda entre o yuan offshore (CNH) e o dólar de Hong Kong, que possui um peg cambial com o dólar americano.
O USD/SGD (2.2%, ~US$ 210 bi/dia) mantém sua relevância como o principal canal para fluxos de comércio e capital no Sudeste Asiático, oferecendo liquidez crucial para instituições que operam na região.
Finalmente, o USD/INR (1.9%, ~US$ 185 bi/dia) marca sua entrada no top 10, um marco simbólico para a economia indiana. Seu volume, ainda distante dos principais pares, sinaliza o crescimento das necessidades de hedge e da integração financeira da Ília, impulsionado por remessas, investimentos estrangeiros e a expansão do comércio internacional do país.
Tendências Estruturais e Lições Estratégicas
A análise do ranking de 2025 revela duas macro-tendências cruciais. Primeiro, a ascensão gradual, porém firme, das moedas de mercados emergentes, com o yuan chinês e o dólar de Hong Kong na dianteira. A participação global do yuan subiu de 7% para 8.5%, consolidando sua posição como a moeda emergente mais importante.
Segundo, a concentração extrema e o risco sistêmico associado ao domínio do dólar americano. Quase nove em cada dez transações envolvem o USD, o que significa que choques nas taxas de juros dos EUA, mudanças na política fiscal ou decisões geopolíticas em Washington têm um efeito cascata imediato e profundo em todas as economias. É por esta razão que os bancos globais mantêm livros maciços de swaps e forwards cambiais – estes instrumentos são as ferramentas primárias para gerenciar o risco de basis cruzado de moedas e as necessidades de financiamento em diferentes jurisdições.
A lição final para todos os participantes do mercado – desde grandes bancos até fintechs disruptivas – é clara: a liquidez é a rainha. Construir capacidades, produtos e infraestrutura que priorizem os pares EUR/USD, USD/JPY e GBP/USD não é uma opção, mas uma necessidade para operar de forma eficiente e com custos controlados. Para estrategistas, é imperativo pensar de forma integrada, pois tesouraria, taxas de juros e câmbio estão inextricavelmente interligados através do mercado de swaps. Para os disruptores, as ineficiências de execução e os custos escondidos na negociação destes pares gigantes representam a fronteira final de inovação no Forex. Em um mundo de US$ 9,6 trilhões diários, entender e navegar por estes pilares de liquidez é a chave mestra para o sucesso.

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